A GS (modelo de 2005 com depósitos extra e uma panóplia de equipamentos Touratech) parecia bastante sofrida e com alguns tombos à mistura. Afinal tinha "só" cerca de 120.000 kms percorridos em "boas estradas".
O que mais me impressionou foi o guiador solto, e saber que ele fez 1.000 kms daquela maneira, principalmente a curvar !
A moto também estava com problemas de motor devido a uma correia de alternador mal montada em Marrocos, que lhe descomandou o motor. A frio fazia um barulho que até arrepiava. Daí a sua vinda ao nosso País, onde o incansável Rui agendou logo uma reparação na Baviera Expo, na próxima 2ª Feira.
Imaginem que o "moço", antes de rumar à Ásia, pretende voltar a Marrocos para passar mais duas noites com uma paixão que lá deixou !
Também já tinha danificado um veio de transmissão e destruído "só" dois amortecedores traseiros da Ohlins em África.
Disse ainda que de mecânica percebia pouco, pelo que geralmente reparava as avarias nas oficinas BMW ou de qualquer outra marca que lhe surgisse na estrada.
Também referiu que só fazia no máximo 400 kms por dia (raramente) e nunca andava em auto-estrada porque tinha medo !
Por mais que queira, não vos consigo transmitir a sensação de estar à conversa com um aventureiro deste calibre e até montar uma "máquina" destas. Estava tão suja, com o pára-brisas empastado de um castanho opaco, que a única preocupação do "moço" era que eu não me sujasse ao montá-la e sentar-me no banco forrado com pele de ovelha.
O protector Touratech do farol dianteiro estava tão empastado de lama e mosquitos que o Rui Baltazar propos-lhe trocar por um novo, desde que ele que oferecesse o de origem devidamente autografado, para expor na sua loja, o que ele, com a sua invejável simplicidade e simpatia, de imediato aceitou.
E a colecção de autocolantes e souvenires que a moto tinha ? Até um elefantezinho plástico tinha colado sobre o guarda-lama dianteiro !
Mas lá foi dizendo que a velhinha Africa Twin era, no seu entender, a moto mais fiável e resistente para este tipo de aventura, não só pela sua comprovada fiabilidade, mas sobretudo pela sua mecânica muito fácil, acessível a qualquer mecânico, na mais remota oficina do Mundo.
Quando lhe perguntamos qual a opção relativamente aos modelos mais recentes, disse que escolheria a KTM 990 Adventure.
A BMW é que, depois desta expedição, garantiu que dificilmente usaria de novo, não só pelos muitos problemas que já teve na sua actual GS, muitos deles devido à excessiva electrónica da moto mas, também, pela fraca qualidade do pós-venda e assistência oficinal da BMW, pois a grande maioria dos concessionários por este Mundo fora tratavam-no com demasiada frieza e distanciamento.
Julgo que deveriam fazer justamente o contrário, acarinhar estes aventureiros que afinal são os autênticos e melhores testadores oficiais das suas motos !
Um abraço.