Com mais um belíssimo 5º lugar no concorrido e muito bem organizado MotoRali do Moto Clube do Porto que decorreu no passado fim de semana de 16 e 17 de Março, nas espectaculares paisagens do Douro Vinhateiro, O BMW CKLT mantém o primeiro lugar no Troféu Nacional de Mototurismo da Federação De Motociclismo de Portugal....
Está também de parabéns a equipa formada pelo João e Carla Krull que apesar de representarem o Moto Clube de Albufeira, conseguiram um honroso 3º posto.
Segue uma descrição do fim de semana lavrado pelo "Mentor" do Mototurismo em Portugal, Ernesto Brochado do MC Porto.
Passeio NorthRoad-Rent a Moto foi a segunda jornada do Troféu MR Michelin / BMW da FPM 2013
Com o emocionado Dr. José Marques, Presidente da Câmara de Sabrosa, a convidar os mais de 100 mototuristas envolvidos no 22º Moto-rali Turístico NorthRoad – Rent a Moto – Sabrosa, Berço de Magalhães e Torga, e o organizador de todos estes eventos do clube desde 1992 a dizer que este terá sido o nosso melhor moto-rali de sempre, terminou em festa o fantástico périplo pelo Alto Douro Vinhateiro, passeio que a 16 e 17 de março de 2013 testemunhou a entrada das cerca de 70 motos em quintas fabulosas e exclusivas do concelho de Sabrosa.
Com uma qualidade de visitas e experiências a raiar o luxo esta jornada mototurística foi, sem sombra de dúvidas, dos melhores passeios de sempre dos quase 27 anos de história do Moto Clube do Porto. E com um preço imbatível.
Só as visitas à Quinta Nova e à Quinta do Crasto, com almoço na adega desta, ficaram na memória dos 90 participantes nesta segunda jornada do 17º Troféu de Moto-ralis Turísticos Michelin / BMW da FPM, oriundos de 11 motoclubes federados e mais uns poucos clubes e grupos de todo o país continental, do Algarve ao Minho.
Tudo graças à Câmara Municipal de Sabrosa, Associação Douro XXI, Associação Douro Histórico e muitas outras entidades e pessoas. E com uma hospitalidade às vezes desconcertante e só possível para lá do Marão, quem nos recebeu insistiu no rápido regresso, já para as vindimas. O discurso do Dr. Jorge Roquette, proprietário da fantástica e charmosa Quinta do Crasto ainda ecoa nos nossos ouvidos.
Vamos lá então saber como decorreram estes dias no Berço de Magalhães e Torga.
Sabrosa, berço de Magalhães, Torga e Mototurismo
Na 6ª feira, 15, já Sabrosa bulia com as motos a estacionarem diante do Hotel Solar dos Canavarros, bonita unidade hoteleira que constituiu o quartel-general do evento. Toda a caravana aqui pernoitou, fez duas refeições, provou o azeite Lagar da Sancha do nosso sócio fundador António Morgado e serviu de palco à irreverente actuação teatral do Grupo Filandorra.
Nessa mesma 6ª feira à noite, a “desorganização” do MC Porto despachou quase metade do secretariado aos mototuristas já presentes.
No sábado de manhã o rebuliço passou para diante dos Paços do Concelho. Fernão de Magalhães e sua esposa, D. Beatriz, em pessoa, receberam os convidados oriundos de longínquas paragens.
Estes, tomaram o aperitivo no Posto de Turismo de Sabrosa, receberam road-books a cores, documentação diversa, muitas fotos e perguntas e, receberam a partida, minuto a minuto, do Grande Navegador, aquele que é o maior ícone português no Mundo.
Sim! Quem é o Português que tem o seu nome numa cratera na Lua? E o seu nome nas duas galáxias mais próximas da terra? E o seu nome num estreito mágico no sul da América? E como se chamava a sonda que atingiu Vénus?
Vasco da Gama? Camões? Afonso Henriques? Pedro Álvares Cabral? Mourinho? Cristiano Ronaldo?
Nada disso. Magalhães, Fernão de Magalhães!Mais. Foi Magalhães que batizou o Oceano Pacífico! E a Patagónia e muitas ilhas deste planeta. Uma conceituada marca de GPS chama-se Magellan (Magalhães) e foi na chilena Rádio Magallanes que Salvador Allende fez o seu último discurso, em 73, só para citar alguns exemplos da força planetária do nome deste sabrosense.
Milionários por um dia
Foi sob a sua áurea e a do grande escritor Miguel Torga, outro grande vulto deste concelho que as motos começaram a descer ao Douro pela sinuosa, rica e panorâmica N 322-2. Deliciados, os participantes pararam finalmente no Alto Douro Vinhateiro e já junto às águas do rio, no cais do Ferrão, local onde muita pipa se carregou e descarregou para barcos rabelos. E os motociclistas tiveram de fazer isso mesmo, rolar pipas com cuidado para estas não caírem ás águas do Douro.
Aquecimento feito em ambiente divertido e toca de subir as encostas pelas curvinhas que nos levaram à Quinta Nova da Nª Sra do Carmo.
Um mimo de requinte, os jardins que receberam a comitiva. Adaptada para hotel rural de muitíssimo bom gosto, a Quinta Nova ofereceu uma prova de vinhos que caiu muito bem no seio dos mototuristas. O road-book dava meia-hora para gozar o local, fabuloso sobre o Douro.
Quase em silêncio para não perturbar o ambiente, degustou-se o vinho e o ar que se respirava, o clima mágico de tal sítio.
E já que se fala em clima, um Bem-Haja a S. Pedro que entendeu ser pecado arruinar semelhante programa com arreliadoras chuvas. O tempo manteve-se seco nos dois dias, principalmente no sábado, o dia da etapa-rainha – melhor, etapa-imperatriz – deste passeio.
Paraíso terrestre
Ainda deslumbrados pelo charme da Quinta Nova, as motos entraram noutro espaço poucos quilómetros adiante que voltou a abrir bocas e a arrastar queixos: a Quinta do Crasto, também alcandorada sob as águas calmas do Douro.
Os 130 hectares desta antiquíssima quinta produzem dos melhores néctares da região e do país. E por não estar aberta ao turismo, mais se realça o abrir dos portões às motos, que alinharam junto à adega onde o almoço seria servido. Mas antes, leves e sem capacetes, os privilegiados participantes deste evento foram convidados a subir à piscina desenhada por Souto Moura e a provar os vinhos, na companhia do próprio proprietário Dr. Jorge Roquette e seus convidados finlandeses.
Não é fácil descrever tal espaço, rodeado da vegetação natural, sem relvados mas sim dos arbustos e árvores da região, como que camuflados num paraíso onde nos sentimos muito, muito bem.
De realçar que recentemente ficou aqui hospedada Bo Derek e ainda há pouco Keith Richards dos Rolling Stones aterrou cá de helicóptero…
Maravilhados, todos desceram então à adega e lagar onde o almoço seria servido num ambiente que abre o apetite a qualquer um. Havia mesas postas dentro dos lagares, por onde se entrava subindo e descendo escadinhas de madeira! Nem aos mais veteranos destas coisas, como o Valença, Vinagre ou Gil Alcoforado passava pela cabeça as brincadeiras e patifarias do costume. O ambiente era de festa, de saborear o momento, de gozar cada minuto.
Ah, a comida? A condizer e saborosa! Era o prato de massa com carne, calórica e que servem aos trabalhadores das vindimas. Até a sopa arrebitava quem a comia!
E estavamos assim, com o lagar repleto de comensais, quando o próprio dono do espaço sobe a um ponto alto e, animado pelas pessoas que o rodeavam, faz o seguinte convite: “Temos falta de pé-de-obra para pisar as uvas em Setembro. Gostaríamos imenso em vos ter cá para uma lagarada nas vindimas!” A adega quase veio abaixo com a ovação!
Grande momento! Muito Obrigado pelo convite!
O Moto Clube do Porto vai agora, honrado, fazer os possíveis para dar a volta ao calendário 2013 para que todos possam regressar, de acordo com a data que nos for proposta pela Quinta do Crasto.
Visita brasonada
Saciados, consolados, refastelados, os mototuristas fizeram-se de novo ao asfalto. Rolaram por Chanceleiros e pararam em Covas do Douro onde o Jorge Meireles e Carlos Ribeiro se estreavam a fazer controlos horários secretos. E saíram-se bem, de roupas campestres, emboscados à entrada da povoação. Com a cafezada tomada, a comitiva desceu ao Pinhão e subiu a entusiasmante N323, estrada desenhada por engenheiro motociclista, de certeza. Que ricas curvas, ao longo do vale do Rio Pinhão, até Provesende.
Provesende que é talvez, a povoação com maior densidade de casas senhoriais brasonadas de Portugal. 11 (!) numa pequena aldeia. Aldeia que se torna assim “apalacada” e cheia de encanto. Com as motos a adornar o pelourinho, esse monumento nacional que esteve inclinado mais de 200 anos após o terramoto de 1755, os participantes tinham nova prova à espera. Uma luta contra o relógio e de cesto de vindimas à cabeça.
Mostrando serem de raça, ninguém virou a cara à luta e alguns quase davam com os calcanhares no rabo, ameaçando deixar cair o pesado cesto (carregado com uns 20 kg de areia) sobre as motos na berma da “pista”. De 23 a 40 segundos, houve tempos para tudo. A metade mais rápida passou a zero e os 30 corredores mais lentos penalizaram com 8 pontos. O Zé Valença ajudava à festa. Obrigava a mais voltas ao pelourinho, entrou por restaurantes dentro de cesta às costas, pintou a manta. A Rita e Susana mostraram serem mulheres rijas, para além de bonitas. Carregaram e correram com mais destreza que muito homem.
Ora correr tanto dá sede. Primeiro de cultura. Visitou-se os principais pontos de interesse de Provesende, como a padaria, a igreja, a casa do Dr. Joaquim Pereira – esse salvador do Douro da filoxera - e o café Arado, sempre ciceroneados pela simpática população de onde despontava o Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Luís Fernandes.
Cortiça por fora, moscatel por dentro
E depois, a sede era de vinho mesmo. Onde? Na Quinta do Portal, a terceira a abrir portas aos motociclistas.
Após a passagem pelas unidades de turismo da Casa das Pipas e Casa do Lagar, a comitiva tinha pela frente uma prova de vinhos… cega.
De venda, os nossos participantes tinham de saber distinguir um moscatel de um porto. Ora a Quinta do Portal produz vinhos de excelente qualidade e os seus moscateis são doces como os portos. Metade falhou redondamente!
Curiosamente o Quinta do Portal Auru é tão bom e tão caro que quase nem se vende em Portugal. Vende onde, então? Em Angola, a torto e a direito…
Já agora, refira-se que o enorme edifício de adega da Quinta do Portal é forrado a cortiça no exterior, numa obra com traço de Siza Vieira.
Estávamos já a chegar a Sabrosa, após a passagem pela trabalhada Capela de S. Francisco, em Celeirós.
A entrada em Sabrosa foi idêntica à do último Lés-a-Lés, de forma a chegar-se junto à casa onde Fernão de Magalhães nasceu em 1480.
O próprio recebeu os motociclistas perguntando-lhes com um mapa da América do Sul onde estava o tal Estreito que permitiu a pioneira passagem do Atlântico para o Pacífico. Só um punhado soube responder…
A etapa estava cumprida e o Hotel aguardava a comitiva. O Morgado promoveu o seu azeite e os mototuristas sentaram-se à mesa. A jantarada lá decorreu, com brindes e galhofa.
Domingo para Torga
O domingo amanheceu com o sábado, cizento e ameaçador, com a estrada molhada. Mas uma vez mais, o tempo abriu e secou. Neste dia não fazia muita diferença.
A 2ª etapa tinha como nome “A Sabrosa Granítica, Farol de Torga“ ou seja, era direccionada a norte, completamente diferente da região vinhateira.
Parada de Pinhão recebeu a primeira paragem, logo pelas 9.20h da manhã.
O Dr. João Teixeira, Presidente da Câmara de Murça, abriu as portas da sua Casa do Adro, bonito Turismo Rural no meio da aldeia, para um aperitivo no alpendre junto à piscina. Que bom.
E a cultura veio a seguir, com filme e visita no museu dedicado ao escritor Aires Torres, homem que tanto lutou contra a ditadura e nascido em Parada.
Paradas é que as motos não ficaram muito tempo, pois rolaram até às margens do Rio Pinhão, para se deterem nos moinhos do Sr. Artur que, generoso como sempre, acomodou estômagos a todos neste moto-rali de autêntica engorda! Muito obrigado, uma vez mais.
O road-book apontava agora a Garganta onde o Sérgio colocava à prova a perícia dos condutores numa curta corrida dos lentos.
E continuando pelos frios e duros cabeços rochosos tão bem descritos por Camilo Castelo Branco com um só frase “esta região é um paraíso terreal onde os lobos passam pelas pessoas e as pessoas passam pelos lobos como nós passamos pelos cãezinhos de regaço” chegamos ao santuário de Nª Sra da Azinheira, local que Miguel Torga considerava ser o seu farol. Recordando a infância do escritor e poeta várias vezes indicado para Prémio Nobel, o MC Porto montou aí o jogo da cobra, patifaria que fez andar homens feitos e pais de família aos trambolhões e uns por cima dos outros, numa maluqueira que divertiu quem participou e quem assistiu.
Estavamos em S. Martinho de Anta, terra de Torga. O passeio terminava e as quase 70 motos concentraram-se diante da câmara, uma vez mais.
Emoção à despedida
Chegou o momento da foto de família, divertida e refrescada pela água do lago.
A pé, a comitiva foi almoçar ao hotel, em rápido buffet. Num ápice já o Grande Navegador, acompanhado da sua tripulação de 11 marinheiros e marinheiras da desorganização (que estiveram muito bem) recitava classificações e fazia agradecimentos. As lembranças espalhavam-se por todas as mesas, desde garrafinhas de azeite Lagar da Sancha a BD sobre a história do Douro e o interesse da plateia convidava a umas palavras especiais.
Estas surgiram e direccionadas para a pessoa que conseguiu fazer deste evento o melhor moto-rali de sempre do MC Porto.
O Dr. José Marques, Presidente da Câmara de Sabrosa, foi incrível pelo gosto que teve em idealizar o passeio, promover a região e receber a centena de visitantes.
Conseguiu a abertura das quintas, arranjo de caminhos, colocação de materiais, ajudas e apoios, aperitivos e simpatias. Tudo pelo seu amor a Sabrosa e à divulgação do seu enorme potencial turístico e histórico.
MUITO OBRIGADO!
Visivelmente emocionado, recebeu uma lembrança do MC Porto e convidou ao regresso!
Mais. Confessou os seus projectos para o 5º centenário da primeira viagem de Circum-navegação, efeméride que se aproxima e que terá visibilidade a nível mundial, como é óbvio.
Ficamos todos em pulgas!
E foi o Dr. José Marques que entregou os prémios aos mais regulares.
João Krull e Carla do MC Albufeira em terceiros, Augusto Ribeiro e Paula dos Conquistadores de Guimarães em segundos e os crónicos vencedores, Fernando e Carla Silva em primeiros, estes a arrebatarem os lenços amarelos.
Com um bonito e bem declamado poema ao vinho, o Fernando Silva encerrou o evento em beleza.
_________________ "Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos" - Emilio Zapata
act. BMW K1200 LT- 2003
act. Ducati 750 SS - 2001
act. Honda CB 360 - 1970
ex. Uma carrada delas:lol: incluindo a saudosa R1200RT:sad2:
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