Numa aldeia remota do interior de Portugal, separada de Espanha pelo rio que dava o nome à terra, estava, há 10 meses, sozinho, o Dr. Bernardo, médico, lisboeta, jovem e galã qb. (Não... não era o Vitor Olivença) Certa manhã, encheu-se de coragem, porque a necessidade aguça o engenho, e dirigiu-se ao barbeiro que lhe aparava o cabelo farto: "O´Xôr António! Então não há por aqui umas meninas, pá gente brincarmos um bocadinho?" "Ó Xô doutor", retorquiu o barbeiro pesaroso... "Aqui na aldeia não há nada"! "Só se fôr com a égua". Atrapalhado, surpreendido, o jovem médico nem teve coragem de responder e ficou a matutar no que ouvira. O que é certo é que passaram mais seis meses e o Jovem Dr. Bernardo, desesperado (porque os tempos íam maus e nem aos fins de semana vinha à capital), encheu-se de coragem e, noutra manhã de conversa, sentado na cadeira do barbeiro António... "Ó Xôr António", perguntou baixinho. "Então aquilo da égua que me falou, como é que é?" "Olhe, vem mesmo a calhar Doutor", respondeu o barbeiro. "Como hoje é sexta-feira, logo mais à tardinha, vá lá abaixo ter ao ribeiro... aí por volta das seis da tarde que a gente logo lhe explica". O jovem médico, nem queria acreditar no que se estava a meter... Mas porra, há mais de um ano que não lhe calhava nada, pois que na terra era só gente idosa e tinha que resolver o problema... Ainda não tinham acabado de dar as seis badaladas no sino da igreja, já o Doutro Bernardo ia saltitando, vedreda abaixo, a caminho do ribeiro. Quando ia a chegar, viu que já havia uma fila de alguns dez homens e jovens da aldeia, atrás uns dos outros e, lá á frente, com a cabeça virada para o rio e o traseiro para a fila de homens, uma égua branca, altiva mas submissa, estava a relinchar. O José, filho da Teresa modista, rapaz dos seus 20 anos, era o último da fila e, ao ver o Doutor chegar, depressa lhe deu o seu lugar, dizendo-lhe para passar à frente e para ser o primeiro, assim acontecendo, também, com todos os que estavam na fila. Mal deu por si, o jovem médico estava à frente de toda a fila. O Doutor Bernardo, por um lado estava envergonhado, pois que não lhe ficava bem tamanha cortezia por parte dos amigos mas, por outro, pensou que tinha sorte em ser o primeiro. Agradeceu, corou, puxou uma pedra que estava por ali, subiu para cima da pedra, baixou as calças, agarrou-se ao traseiro da égua, fechou os olhos, imaginou a cara da sua amiga Gina, esqueceu, por momentos, a fila de homens que sstava nas suas costas e começou a fazer, o melhor que sabia e podia, o que já não fazia há mais de um ano... Alguns momentos depois, já o estado de vergonha tinha dado lugar a uma respiração ofegante, sempre sem abrir os olhos, o Bernardo sentiu umas pancadinhas num ombro... Parou, controlou a respiração, abriu os olhos, virou-se para trás e ouviu a voz do Barbeiro António dizer-lhe: "Ó Xôr doutor, na canse o animal, que é a égua que nos vai levar a atravessar o rio para irmos a Espanha às meninas..."
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