Kuneheim (BMW): "O nosso objectivo chama-se SBK. Depois, quem sabe..."Entrevista a Hendrik Von Kuneheim, novo Presidente da BMW Motorrad
Na semana passada apresentou a esperada BMW S 1000 RR, o projecto dos alemães para entrar no Mundial de Superbike. A Motociclismo Espanha entrevistou Hendrik Von Kuneheim, o novo Homem forte da BMW Motorrad que falou do futuro nas corridas com motos de série mas também falou do MotoGP e de futuros projectos da marca. Não é arriscado o desafio de voltar às corridas nas SBK e entrar no mercado de motos super desportivas frente a autênticos especialistas como são os japoneses e a Ducati?“É um projecto ambicioso mais do que arriscado. O Utilizador de motos desportivas é, regra geral, muito pouco fiel às marcas num segmento muito dinâmico e onde o que manda são as prestações, as novas soluções técnicas que ofereçam vantagens e superioridade. A BMW vai-se comprometer a longo prazo com esta classe de desportivas e poderá vir a convencer pelas suas prestações, desenho, tecnologia e fiabilidade, sem esquecer a nossa grande rede de vendas, grande quota de mercado nas cilindradas altas, qualidade do serviço e um melhor valor na retoma, porque as nossas motos depreciam-se menos que outras desportivas. O mercado das 1000 é de umas 100.000 unidades e as marcas japonesas controlam 85 % dessas vendas e aspiramos tomar uma maior participação dessa cota. A BMW quer continuar a crescer no mercado. Marcámos um plano ambicioso, o nosso objectivo é o de alcançar as 150.000 unidades vendidas em 2012 e para isso demos passos renovando e apresentando novos modelos e com a S 1000 RR seguimos nessa linha. Neste plano entra também a compra da Husqvarna, cujas vendas estimamos que aumentem 30% em 2008, marca pela que apostámos com força e que já está bem orientada numa nova linha produtiva para além do plano desportivo e assegurado a sua qualidade de fabricação e fornecimento de peças sobresalentes”.
Mantem-se a ofensiva de novos modelos…?“Sem dúvida. Em 2008 lançamos as renovadas R 1200 GS e Adventure, a finais de Maio –Nota da R: apresentar-se-á no sul de Espanha–, lançamos a enduro 450 X e também introduzimos no mercado as F 800 e F 650 GS com uma enorme aceitação, pois com os pedidos recebidos de Espanha, Itália e Grécia superou-se já a capacidade de produção, pelo que, de momento, não poderemos chegar aos EE.UU. Não esqueçamos o lançamento faz uns meses da exclusiva boxer HP2 Sport. Mas haverá mais ... Para a Intermot em Colonia e para Milão reservamos mais novidades que ainda não posso revelar. Seguiremos cuidando dos nossos Clientes habituais de boxer, tourer e sport tourer e ampliando a gama para captar novos ninchos de mercado onde nunca estivemos como faremos com a S 1000 RR”.
Porquê SBK e não MotoGP? Com este plano fecha-se definitivamente a porta à entrada da BMW no MotoGP? “Com a Dorna mantemos excelentes relações e estamos no seu campeonato com a nossa marca, mas participar no seu campeonato é excessivamente caro, entre 25 e 35 milhões de dólares e mesmo com este investimento não asseguramos bons resultados. Para campeonatos de custo muito elevado já estamos na Fórmula 1. Nas motos apostámos pelas SBK, onde as motos são de série, muito evoluidas, mas básicamente como as que se compram e não de caríssimos prototipos distantes da realidade. Não nos passa pela cabeça que em Espanha e Itália o MotoGP é mais popular inclusivé que a Fórmula 1, mas não sucede igual nos outros 11 países e nos quatro continentes em que se compete nas SBK com custos bastante mais acessíveis e também tem um bom impacto entre os aficionados. Por isso o nosso objectivo agora é únicamente as SBK e ainda temos tudo por fazer neste capítulo. Logo quem sabe…”.
A BMW vai ser muito exigente desde o principio…“Sem dúvida, quando entramos na competição sempre se espera o máximo de uma marca como a BMW, mas o nosso projecto dará todos os passos necessários para poder alcançar o êxito. A primeira fase será de aprendizagem, o primeiro ano o objectivo é aprender e estar entre os 10 primeiros, consolidar essa posição na segunda temporada e logo e quanto antes e a médio prazo ganhar o título”.
Pilotos…“Negociamos com vários. Existem vários Pilotos que vão mudando e estão-nos ajudando na evolução do prototipo. Teremos dois Pilotos e parece lógico pensar que um seja Espanhol ou Italiano, pois estes dois Países contam com um grande potencial neste sentido. Queremos combinar nesta primeira fase juventude com experiência. Dentro de tres ou quatro meses se saberá”.
Para além de uma desportiva, pensa a BMW crescer também atacando outro sector e ampliando a sua gama para baixo com uma scooter…? “Já tivemos a C1, apesar de nos adiantarmos no tempo e talvez com um lançamento no momento errado e perdemos oportunidades. As grandes scooter passam por um bom momento e têm um brilhante futuro mas abandonámos o projecto C1 mas continuamos a ver com interesse esta classe das grandes scooter não estando finalmente abandonada esta categoria…”.
