Boas… Como conduzo actualmente uma K1600GT e tendo tido anteriormente uma RT1200, gostaria de deixar um testemunho sobre as diferenças que encontro em cada uma das motas. Longe pensarem que este testemunho traduzirá uma clara indicação sobre qual a melhor mota, dado que sempre entendi (e, diga-se, entendo) que o que caracteriza o testemunho sobre uma dada “montada” dependerá sempre do que cada condutor espera e procura numa mota… Começando pela RT: Tive oportunidade de a utilizar durante perto 2 anos, tendo inclusive feito uma viagem até Neuchâtel, Suiça (com passagem pelos Alpes) com esta fantástica máquina. Deste modo, consigo transmitir-vos a ideia sobre como é que a mesma se porta numa simples viagem curta até um café mais perto, como também, sobre o seu comportamento numa viagem longa, exponenciando o seu verdadeiro cunho touring! A RT é uma mota com uma dinâmica de excepção (e extremamente bonita), em que todo o conjunto facilita a sua manobrabilidade quer em cidade quer numa AE. Diria que às vezes até nos é capaz de intuitivamente ensinar a conduzir[font=Wingdings]J[/font]! Com o depósito cheio, o peso do conjunto sente-se, particularmente se tivermos a carga maxima na mota (entenda-se, malas laterais e top-case cheias + pendura), mas ainda assim a facilidade com que se conduz é absolutamente excepcional. A mota é muito estável (inclusive com ventos laterais/frontais fortes), tem uma excelente protecção aerodinâmica, curva-se (ou admite que o condutor se deite na curva) excepcionalmente com ela e tem uma postura de condução tão neutra, que às vezes nos ínsita a leva-la para caminhos que não são claramente o habitat natural deste tipo de motas (tendo tido uma GSA, às vezesparece que estamos a conduzir uma GS com o corpo de carenagens de uma touring)… Em cidade é esguia, mas se se conduzir com as malas laterais ter-se-á que ter algum cuidado nas passagens entre carros… Manobra-la parada, depende sempre da perícia do condutor (inclusive na forma como a paramos), mas eu que sou baixo e peso 67kg sempre peguei na mota (mesmo a tira-la da garagem) sem qualquer problema ou esforço! Confesso que nunca a deixei cair (Graças a Deus), mas tendo deixado cair muitas vezes a minha GSA, não creio que fosse mais difícil levanta-la do que a GSA! Tendo um motor boxer, parada,sente-se o habitual tremer do motor, mas este elemento que faz parte do seu ADN, não lhe retira qualquer característica positiva ou deva ser visto comodesvantagem, pelo contrário, o seu motor é extremamente linear, com potênciaq.b., muito económico e demonstra que estamos perante uma BMW de raiz feita apensar e pronta para longas viagens! A segurança que a mota transmite,dado possuir de ABS e tracção de controlo, são elementos que - quando necessário – se fazem notar (e de facto funcionam) em prol da nossa segurança! Nisso a BMW tem-nos sabido também brindar muito bem! Não pretendo falar dos equipamentos/acessórios que a RT pode ter, mas devemos (se possível) ter presente a possibilidade de podermos ter uma com estes gadgets de segurança,que são imprescindíveis! Não posso deixar de dar nota de doisextra’s que eu pensava serem para os "fraquinhos": os punhos aquecidos e banco aquecido! Num ambiente onde as temperaturas baixam significativamente, percebemos tão bem o quanto úteis estes elementos podem ser e nos ajudam no conforto e na segurança da nossa condução….Quem pensa (e de facto pretende fazer longas viagens) o cruise control é uma mais valia!! A capacidade de carga (malas) é muito boa, aconselhando-se a ter as malas (pelo menos as) laterais interiores que facilitam muitíssimo a arrumação e aproveitamento do seu espaço interior. No final de mais de 5.500km de viagem (passando por estradas com Neve e gelo, chuvas torrenciais (mesmo parecendo cascatas de agua que impiedosamente se abatiam sobre nós e que nos obrigaram, por mais de uma vez, a travar a marcha) e ventos laterais tao fortes que, se parassem de repente, tombávamos para o lado), tudo ao longo de uma semana e com marchas diárias com muitos km’s em cima, cheguei ao Porto como se tivesse ido tomar um café aos Arcos de Valdevez! Quem tem uma RT sabe bem do que estou a falar… e quem nunca experimentou seguramente aconselho que experimentemesta verdadeira maquina de fazer km’s com conforto único e de uma beleza impar!! A GT: Creio que a BMW a classifica mais como uma touring de cariz sport (aos mais puristas e entendidos da marca, perdoem-me se estiver a dizer um disparate monumental), mas a postura, motor e condução apontam mais para esse segmento do que para uma touring pura. Pessoalmente (e as opiniões que aqui se transmitem, são sempre minhas), não senti uma notória diferença em termos de postura sentado na mota, tirando o facto de (tendo eu 1.75m) achar que tenho os pés mais bem assentes no chão do que na RT. E pondo a GT em marcha intuitivamente nos colocamos numa posição mais prenunciada sobre o guiador do que na RT. Mas, tal deve-se a forma como esta maquina nos pede para rodarmos o punho direito… Também não senti maiores dificuldades (tendo em atenção a diferença de peso, que ainda é significativo) em manobrar a mota, estando esta parada. O peso faz-se sentir, é certo, mas dada a forma como a mota esta equilibrada em termos de quadro/motor e distancia entre os eixos, “pega-se” bem nela para a apontar-mos para uma qualquer saída ou entrada[font=Wingdings]J[/font], mas repito que muito facilita a forma como a paramos, principalmente numa via publica. Sente-se, pronunciadamente, cada mudança de caixa (como, creio que seria o Hans, a dizer, faz parte do ADN desta mota) e é verdade… mas tal não é nada que nos leve a dizer que é um defeito da mota, mas feitio! De qualquer forma a caixa é suave nas passagens e as reduções auxiliam fortemente na redução da velocidade nesta fantástica maquina de duas rodas. Em cidade a mota parece estar numa classe inferior, dada a forma fácil com que se conduz e com que apontamospara qualquer direcção. Ajuda de facto muito, o facto de podermos facilmente colocar (e apoiar) bem o pé no chão e, muito mas muito importante, o acelerador por cabo que, com facilidade magica, tanto dá em termos de velocidade, como a elimina quando se roda em sentido contrário…Este acelerador por cabo aliada à forma como o motar esta mapeado em termos de rotações (e auxiliado com gadgets de auxilio electrónico à condução) fazem desta BM uma experiencia única em estradas abertas e/ou AE… Este foi sem dúvida um ponto fundamental que me levoua trocar para a GT… a mota responde em termos de velocidade de forma tao única ecom uma estabilidade tão impressionante que vicia qualquer adepto de duas rodas… E se aliarmos toda essa experiencia expulsiva que este motor nos oferece, com uma dinâmica e conforto ímpar posso dizer que tenho uma mota quase perfeita… Quase porque não há nada perfeito! Sim, também lhe consigo encontrar pontos ou aspectos menos bem conseguidos, a saber: aquecimento do motor (em épocas mais quentes do ano sente-se bem nas pernas..), a menor protecção aerodinâmica (o vidro da RT protege mais, ainda que a GT possasuportar o vidro da GTL, mas pessoalmente entendo que a estática da mota ficadiferente), a travagem sente o peso do conjunto ainda que nunca nos deixe ficar mal e o conforto que creio (devo referir que ainda não tirei a prova dos nove numa longa viagem), pelo que já senti, estar uns pontos abaixo da RT. E a “incrível” invenção de criarem uma top case com conexão eléctrica ao restante conjunto que obriga a retirar os dois bancos, sempre que queremos tirar ou colocar a Top case (este é seguramente um ponto que a BMW terá que rever no futuro), o que torna nada pratico este simples gesto comparado com o mesmo processo numa RT ou GSA… A capacidade de carga da mota está ao mesmo nível da RT (as minhas malas interiores da RT, que fiquei com elas) cabem perfeitamente na GT! Com carga máxima e pendura a GT continua a mostrar uma leveza e facilidade de manobra incrível (mesmo com ESA em carga máxima) e a respostado conjunto nunca nos deixa com a sensação de falta de motor ou dinâmica numa mota como esta! A postura e distribuição de peso na GT fazem-nos conduzi-la de uma maneira intuitiva e sem grandes problemas, mesmo quando enfrentamos transito citadino. Vias rápidas e AE são o seu habitat natural! Nestas vias conseguimos tirar o máximo partido, de todo este fantástico trabalho de engenharia alemã! Em estrada de montanha, a GTsurpreende na forma como curva e devora o alcatrão com todo o peso que os documentos oficiais clamam. E assombroso! Por se tratar de uma 1600 os consumos (para já) têm-se revelado “normais”, mas dado que esta BM pede sempre um pouco mais de velocidade, a tendência será para estarem um bocado acima do que estamos habituados, dada a vontade quase sempre presente de rodarmos um bocadito mais o acelerador! A GT possui igualmente ABS e sistema de controlo de tracção de última geração, sendo sempre ferramentas importantíssimas para a nossa segurança e que repito, funcionam, muito bem! Assim como permite que possamos “seleccionar” um mapeamento do motor (e forma como os cavalitos se soltam) o que em tempo de chuva (se escolhermos o modo “rain”) acaba por ser um aliado importante para a nossa segurança. Um mimo!! Última nota, para o sistema de iluminação da mota: este sistema de iluminação que acompanha o curvar da mota é de facto um sistema de aplaudir! Todas as motas deveriam ter um sistema igual de serie (e sem incremento de preço), dada a funcionalidade e aumento de segurança que oferece numa condução nocturna! Percebo que a exclusividade, por vezes tenha que ser brindada com este tipo de elementos diferenciadores, mas creio que as marcas devem perceber que os seus clientes são pessoas apaixonadas por duas rodas e, por isso, tudo devem fazer não só para lhes brindar com motas de estetica fantástica e/ou com motores explosivos, mas acima de tudo com elementos de conforto e segurança que os permita terem uma longa vida de desfrute destes veículos que são bem mais do que meros instrumentos de locomoção, mas antes maquinas de sonhar e fazer sonhar! O relato já vai algo longo, desculpem se vos maço, mas espero ter dado algumas pistas para quem pretenda um dia ter ou simplesmente experimentar uma destas, duas belíssimas máquinas talhadas para utilização diferente, mas que não deixarão nunca os seus “condutores” insatisfeitos! Da minha parte e pese embora os aspectos menos positivos que apontei supra, não trocaria a minha GT por nenhuma outra… e por tudo isso que eu digo que “sim… os gostos discutem-se e muito!” Abraço e muitas e boas curvas! Nuno
_________________ Nuno Bizarro "Qualquer distância fica sempre mais curta quando a percorremos na mota certa!"
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