Paula Kota Escreveu:
[SIZE="2"]Ando devagar. Pois é …. A minha adrenalina esgota-se nos desafios diários do trabalho. Quando me sento na moto a minha felicidade é passear, ir para a estrada, sentir.
Só eu, a máquina e o mundo.
Confronto-me comigo mesma, estou só eu, não há ninguém para falar. Os pensamentos atropelam-se, arrumam-se e por fim esgotam-se também. Falo sozinha, canto, penso e depois é o nada. Chamo a isso “modo robótico” uma espécie de zen ou meditação em que apenas funciona o instinto de sobrevivência, todos os outros circuitos desligam-se.
A estrada, por si só, já representa perigo suficiente para desafiar a réstia de instintos aguerridos, todo o trânsito à nossa volta é suficiente para ligar todos os sentidos, treinar o alerta.
Ando devagar porque tenho medo. Já conversei muitas vezes com o alcatrão e sai sempre mal. Já estoirei duas motos e tive de me esforçar para comprar outras. Sinto-me cansada de aventuras efémeras, de uma dúzia de kms à velocidade da luz que não trazem iluminação ao meu espírito. Só trazem dor. Dores nas costas, dores nas mãos, dores dos arranhões, cicatrizes, nada que me faça feliz. Tenho medo. Tenho uma filhota para criar, não tenho finanças para pagar multas, não tenho pachorra para ficar sem carta.
Ando devagar! Só tenho a agradecer, do fundo do coração, os vários Amigos que acedem em ir mais devagar para me fazer companhia. Para mim é um sinal de consideração, de amizade, de paciência. Agradeço profundamente à Vida ter-me mimado com companheiros de estrada.
Quando vejo outros motociclistas, aguerridos, rápidos, destemidos até tenho uma pontinha de inveja. Porque eles não têm medo, têm adrenalina. Respeito-os. Fico contente por serem assim, diferentes. A diversidade dá sumo à vida.
Mas eu, não. Eu ando devagar. E chego sempre ao destino, um pouco mais tarde, mas chego![/SIZE]
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Foi Escrito ainda eu não tinha nascido (no cklt
) és grande Paula, das Valentes mesmo
Grande Abraço para ti