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Experiente |
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Registado: sábado nov 18, 2006 8:11 pm Mensagens: 1029 Localização: Lisboa
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[color=darkred]Este fim-de-semana fiz um curso de condução em [/color]terreno difícil, enquadrado na preparação da Viagem. Todos os participantes estiveram presentes para treinar e também para nos conhecermos melhor. Aqui fica o relato. Luta na lama Após um pequeno percalço no sábado de manhã [size=84](coisas de gaja) só consegui sair de Lisboa pelas 8H da manhã. Já atrasada, lá fui a caminho de Ponte de Sôr para o curso de preparação e ainda mais me atrasei pois tinha uns pneus de taco, novinhos em folha, cheiinhos de goma, para fazer quase duas centenas de km debaixo de chuva. E como ela caía. Bom lá consegui chegar, com um road book feito na véspera, em post-it amarelos com as principais localidades e estradas em que teria de passar. Uma hora mais tarde que o previsto cheguei ao desvio para o Monte no Alentejo, estrada de cascalho que não acabava e nunca mais via o raio do ponto de chegada. Bom, mas cheguei e deparei com uma dezena de caras espantadas pois já não acreditavam que eu iria, com aquele temporal cinzento e frio.[/SIZE] Estavam todos debaixo de um telheiro, numa aula teórica à espera que a chuva abrande. E lá fiquei a ouvir dicas sobre a posição em cima da moto, como posicionar as pernas, os braços, a diferença na altura do guiador, o quê e o porquê do equilíbrio e segurança. Aprendi a encontrar o ponto de equilíbrio da moto, e a segurá-la apenas com a patilha do tampão do depósito – sim meus caros, dancei à volta da moto só a prender a dita patilha [size=84](sem o descanso). Aprendi finalmente a por o descanso central sem fazer força nenhuma, aprendi a conhecer a dinâmica da moto.[/SIZE] Depois … bem depois todas as motos foram ao chão [size=84](não sem antes um belíssimo pormenor requintado de aparecerem umas esponjas no chão para as motitas não se magoarem) e vai de levantá-las. Sabiam que há formas de levantar a moto para pessoas altas e pessoas baixas? Bom, eu levantei a minha do chão por três vezes, não forcei as costas, não tive dificuldade … fantástico. Fiquei convencida que era muito forte.[/SIZE] Mais truques, mais informação, mais experiências durante o resto da manhã, fase bem difícil pois ali ao lado estavam a preparar uma bela churrascada, cada vez mais cheirosa, mais tostadinha e aqueles tipos não paravam de dar instruções. Finalmente o responsável do Monte lá veio ralhar a dizer que já passava das duas e que o almoço estava pronto e que arrefecia e que estes malvados nem fome tinham. Esperava-se que de tarde a chuva acalmasse, mas o raio do S. Pedro estava com vontade de gozar connosco. Ele e os instrutores que não tiveram pena nenhuma nossa e ainda disseram que assim era mais divertido. Enchouriçada com o fato, as protecções e o impermeável, lá fui atrás deles, os instrutores desertinhos por ir para a terra, os alunos expectantes do que iria acontecer. E o milagre aconteceu. Para aperitivo, uma descida cheia de regos de água direitinha a um areal ensopado, passagem por uma estrada cheia de vacas, de lama, de poças de água gigantes, o Pantanal como lhe chamavam. E começou o curso prático. Nesta altura já o Azevinho tinha adivinhado que a Kota estava aterrada. Pacientemente deslocou-me do pelotão para não atrasar o Grupo e deu-me o raspanete … bem, não foi bem a ralhar... foi mais a dizer o que se ia passar. Quais as condições do caminho que íamos fazer, os obstáculos que vamos encontrar, como a moto se vai comportar e como nós devemos fazer para passar e como controlar a situação, a forma de aceleração, de travagem, de manusear a embraiagem. E a kota lá foi atrás dele, por aqueles maus caminhos, a praticar situações, a ultrapassar obstáculos. De vez em quando cruzávamos com o Grupo, liderado pelo Martins, que não parava de explicar as situações, de dar exercícios. O Homem parecia um palito eléctrico, para a frente e para trás, conseguia ver todos e controlar todos. E o Grupo dos 8 desgraçados lá ia, sempre de pé em cima da moto [size=84](nota importante à partida foi a proibição de sentar o rabito no assento). Discretamente, mais três exploradores acompanhavam o pelotão dos sempre-em-pé, a vigiar, a dar conselhos.[/SIZE] E a chuva não parou nem os explorers pararam. Não estamos aqui para ver a paisagem, estamos cá para explorar os nossos limites, para conhecer as motos, para nos fundirmos com as máquinas, para traçar objectivos e chegar lá! E aprendi numa tarde o que iria demorar uns bons anos a saber. Ao fim de um par de horas já andava de pé em cima da moto, coisa estranha para mim mas que conclui ser mais fácil que andar sentada. Consegue-se vislumbrar melhor o caminho, o que está para lá das lombas e descidas, segurar melhor a moto e deixá-la dançar à vontade sem me levar por arrasto. Como a coisa estava a correr bem e o Azevedo estava entusiasmado com o meu progresso passámos à fase seguinte. - Tens problemas com as descidas, não é?- Pois, tenho um bocadinho de vertigens ..- Então vamos lá tratar disso. Rumo a um areal onde tinham preparado uma pista de preparação, subimos à parte mais alta e …. Uma bela de uma rampa, toda em areia fofa e molhada, 45 graus de inclinação, explicação de como se faz e vamos por ali abaixo. E fui, e fui e fui até sentir que aquilo era um passeio pelas montras em época de saldos. Fácil e divertido. Ah é fácil, então continuemos. Um pouco mais ao lado, outra rampa, maior e mais extensa e que acabava numa curva fechada. Desta vez a técnica era outra. Explicação da praxe e lá vai a desgraçada por ali abaixo a pensar que se ia espetar no meio das vacas. Mas não, acabei a fazer a curva e a dar a volta e a subir e a descer de novo, qual carrossel de feira. Nem eu queria acreditar. É fantástico como ouvir e entender a técnica ajuda tanto a chegar ao destino. O meu instrutor não parava de ter ideias para eu treinar. Salvou-me aparecer a turma dos malabaristas, todos de pé e com os pés trocados nos estribos, a levantar o braço esquerdo [size=84](o da embraiagem), a trocar de novo as pernas para cada lado da moto, alinhadinhos uns atrás dos outros qual manada de bebes elefante a seguir as instruções à risca. Ficamos por ali a vê-los atolarem-se na areia, a sair de lá em cima da moto, com a moto à mão, eu sei lá o que eles fizeram. Parece que estava no circo. Aquilo já era demais para mim, que não tenho experiência nenhuma em off road. A única coisa em comum era o entusiasmo que se estampava na cara de cada um e também na minha.[/SIZE] 30 segundos de pausa e vamos lá continuar que isto não é para passear. Lá seguimos todos, de pé claro, para mais uma voltinha à pista, a única transitável no meio daquela chuva permanente que já tinha ensopado ainda mais o Pantanal, ou melhor, dois rios de água paralelos que diziam ser um caminho. Ao por do sol [size=84](esta expressão é apenas para enquadrar no tempo pois sol nem vê-lo) comuniquei ao meu caríssimo instrutor que estava nas lonas. Não dava mais. Doía-me o corpo todo, estava ensopada e as forças já tinham sido gastas até ao limite. Prontos vamos lá então para a estalagem, não sem antes passarmos por mais umas vielas e becos de natureza mas desta vez já com a ideia de uma banheira e uma camita para descansar.[/SIZE] Nota: Infelizmente, com aquela chuva toda, não foi possível tirar fotos para atestar as minhas vitórias Eu tive folga mas os bravos não. Ainda foram dar uma voltinha, para abrir o apetite, por montes e vales, atravessaram o rio [size=84](parece que a água dava pelo meio do motor) e ainda subiram uma rampinha de quase 90 graus, só para aconchegar a adrenalina. Chegaram exaustos, contentes e cobertos de lama até às orelhas.[/SIZE] À noite, depois de jantar, um briefing sobre os malabarismos do dia e uma pequena perspectiva do martírio do dia seguinte. Ainda bem que eu estava completamente ensonada e não ouvi uma boa parte do programa de Domingo. Senão acho que tinha voltado para casa, mesmo a meio da noite. ....
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E é melhor chegar 5 minutos atrasada nesta vida que chegar 10 minutos adiantada na próxima
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