Aqui vai a conclusão da cronica:
Dia 6
O dia amanheceu com um sol radiante, o pequeno almoço servido pelo albergue estava mto bom. La fomos arrumando a tralha, voltar a encher os pneus, e pronto estamos prontos para a aventura. Voltamos por uns momentos as dunas para uma foto de grupo e “apanhar” um bocadinho de areia laranja como recuerdo daquelas paragens. Ultimas fotos tiradas e ai vamos nos a caminho de Taouz, para mais uma etapa que esperávamos ser durinha (antes ainda demos um saltinho a Merzouga para re-atestar as motas). Antes de chegarmos a Taouz a Africa Twin começa a relevar sinais de que algo se passa com ela, acelerando a fundo não passa dos 70/80Kmh, esta sem forca, custa a andar, o que nos deixa apreensivos tendo em conta os planos do dia. Chegados a Taouz, decidimos que a AT vai por estrada ate ao objectivo do dia, Zagora. Assim o Nuno e André seguem por estrada ate Zagora, enquanto a restante comitiva aponta para a pista do Dakar com o objectivo de chegar a Zagora. Esta um calor demolidor, se em Abril esta assim, em Agosto nem quero imaginar. La arrancamos nas calmas, a pista revela-se algo dura, com as penduras a queixarem-se um bocadinho, mas la vamos progredindo. O piso eʼ uma mistura de areia, calhau, lama seca, com poços de areia pelo caminho. Há um transito de camiões neste trajecto inicial que usam a pista para ir e voltar a uma mina algures por ali. Eu sigo em ultimo, vou a um ritmo mais calmo. Passa por mim um tipo numa mobilete e vai em busca do primeiro do grupo, o P. Barroso. Laʼ o consegue apanhar (o tipo parecia que estava a andar em alcatrão, a voar baixinho e na maior no meio da pista) e faz sinal para pararmos. Começou por nos dizer que a pista era mto dura e que havia um grande Oued que era impossível nos conseguirmos passar por causa da sua extensão e do tipo de terreno. Dizia ele que existia uma pista mais a norte onde o Oued era mais “simpático”, onde já poderíamos passar com mais calma, sendo também o piso da pista mais soft para as nossas motas. Ofereceu-se para nos guiar por la, e apos algumas conversações decidiu-se continuar na mesma pista, agradecendo os conselhos do amigo Marroquino, rejeitando a sua proposta. Voltamos então ʻa dura pista e pouco tempo depois de termos deixado o amigo marroquino para trás, vejo ʻa minha frente a Adv do Pedro caída no chão. Passo por ele e percebo que o assunto eʼ grave, faço sinal ao Barroso para encostar. Paradas as motas em segurança, voltamos para auxiliar o Pedro que estava em choque, felizmente sem qualquer mazela. A areia junto da mota estava negra. Ao cair, o embate numa pedra abre um buraco na tampa da cabeça do cilindro, junto ao parafuso. A viagem da Adv por Marrocos tinha chegado ao fim. Sem termos meios para reparar esta situação, com o calor a apertar cada vez mais, decidimos nos abrigar do sol por baixo de uma árvore que por milagre estava ali perto e decidir o que fazer. Estávamos isolados, sem rede de telemóvel, pelo que decidimos que uma mota voltaria a Taouz em busca de meios para tirar dali a mota, assim como tentaria entrar em contacto com o Nuno e o André. O Pedro continuava em choque, eʼ duro ver a nossa mota incapacitada e ver os planos/sonhos a irem por agua abaixo, ainda por cima a uns bons quilómetrosde distancia de casa. Como em Marrocos tudo se resolve, la conseguimos forma de um trator nos ir buscar a GSA e traze-la de volta a Taouz. Voltamos para trás e iríamospassar o resto do dia nessa localidade, a aguardar pela recolha da mota pela assistência em viagem. Não tínhamos noticias do Nuno/André, os telemóveis andavam marados. Enquanto esperamos, deu para tudo, desde jogar ʻa bola com os miúdos a comer uma bela salada marroquina. La chega finalmente a “assistência”, mota carregada e apontamos em direcção a Erfoud. Entretanto temos noticias do Nuno, contamos as novidades, sabemos que eles estão bem, sugerimos que ele tente reparar a mota em Zagora e combinamos encontrar com ele no dia seguinte em Marrakech. Ate Erfoud por estrada fomos curtindo a paisagem, tirando umas fotos e assistindo ao por do sol. Chegamos, bebemos um chá de menta enquanto aguardamos pelo Pedro e a “Assistência”. Toda a burocracia de entregar a mota para ser despachada para Portugal, eʼ uma situação meio manhosa e obriga a mtos euros em roaming. Ja exaustos la arrancamos ʻa caça de sitio para ficar. O Pedro vai a pendura do Paulo Cruz ate Marrakech. Após um dia cheio de peripécias la tomamos o banhinho quente e retemperamos forcas para o dia a seguir.
Dia 7
Acordamos bem dispostos, tomamos o pequeno almoço reforçado e piramo-nos em direccao a Marrakech. Temos noticias que a AT continua por reparar, após diversas tentativas. Confirma-se a mesma o meeting point em Marrakech sendo que em Ourzazate fazemos ponto da situação. O caminho ate Ourzazate faz-se em ritmo acelerado (parte dele ja o tínhamos feito antes). Para-se para um cafezito, gasolina, xixi e logo nos fazemos ʻa estrada de novo. Chegamos a Ourzazate ʻa hora de almoço. Não conseguimos comunicar com o Nuno/Andre outra vez. Não tendo noticias deles (ao que viemos a saber por falha das redes de telemóvel), ja de pança cheia arrancamos para o Atlas a caminho de Marrakech. A paisagem muda. Voltamos a montanha. O sorriso nos lábiosvolta a ser imenso. Paisagens de cortar a respiração e umas curvas deliciosas. Como havia ritmos diferentes ficamos de nos encontrar mais ʻa frente. Cada um curtiu o trajecto ʻa sua maneira, e todas foram intensas. Paragem para um chá e la esta o sorriso na cara de todos, estamos a delirar com o que estamos a viver. Continuamos sem sinais do Nuno/André. Retomamos a viagem, vemos o por do sol “on the run”, Marrakech eʼ já ali. Chegamos ja de noite. O transito eʼ o caos, e para mim que não gosto de confusõesrevela-se ainda mais caótico. As voltinhas em busca de sitio para dormir deixam-me em autentico stress e então acidentalmente saco um mega cavalo na GS, para por em sentido tudo e todos. Por milagre fui parar ao passeio, sem ter ido ao chão. Era hora de parar. As horas de condução, o cansaço acumulado dos dias, os azares, estava tudo presente naquela hora. Decidimos que enquanto o Paulo procurava sitio para ficar, nos ficaríamos a recuperar ali mesmo. Após algumas sondagens, decide-se apontar ao Ibis. Malas desfeitas, banho tomado, hora de procurar comidinha. Entretanto temos noticias que a AT esta na mesma. Saiu de Zagora sem estar reparada e estão naquele momento em Ourzazate. Fica combinado encontro para o dia seguinte em Marrakech. Ja era tarde, a fome era muita, nao resistimos e fomos dar umas trincas nuns hamburguer's do McShit. Enquanto uns voltaram para o hotel, outros ainda foram ver Marrakech by night.
Dia 8
Com o Nuno/André a caminho, olhamos para o calendário e decidimos que ficaríamos este dia em Marrakech sem tocarmos nas motas. Aproveitaríamos para ver a cidade e recuperar baterias ao máximo. Enquanto estamos a planear o que fazer, la aparece a Malta. Beijos e Abraços, contar as novidades, por a conversa em dia. O Nuno esta KO por a sua AT não desenvolver, decide enviar a mota por seguro, mas a confusão instala-se com a seguradora. (esta eʼ a parte em que devíamos ter lido as letrinhas pequeninas dos contratos de seguro que assinamos). Conclusão: A seguradora não leva a mota do Nuno para Portugal, mas sim para a oficina Marroquina mais próxima para a reparar. Enquanto o resto do grupo deambula por Marrakech, o Nuno e a Marcia passam um mau bocado com os meandros da reparação e da seguradora, e só ao final do dia a situação fica resolvida com a AT a voltar a trabalhar normal outra vez. O resto do grupo andou a conhecer a medina por dentro, a comprar umas souvenirs, a negociar com os marroquinos, a ver cenas exóticas, a apreciar a cultura marroquina. Após jantarmos na famosa praça de Marrakech, apontamos (via charrete) ao hotel onde nos encontramos com o Nuno. Para ele, a Marrakech que nos vimos passou ao lado.
Dia 9
O dia acordou cinzento. Ainda ontem estavam 40 graus e hoje só falta começar a chover. Tomado o pequeno almoço, malas feitas, dizer adeus a Marrakech e seguir viagem, pois o dia ia ser longo. Tínhamos o objectivo de ir dormir a Tarifa ainda neste dia, mas como queriamos passar pelas cascatas de Ouzoud, iria ser uma etapa contra relógio para se conseguir apanhar o ultimo ferry. O trajecto ate as cascatas foi o cenário típico marroquino, andamos bem e chegados as cascatas ficamos de boca aberta com a dimensão do cenário natural que tínhamos pela frente. Decidimos almoçar por ali, comemos umas panquecas gigantes por 50cent com um belo chá a acompanhar. Voltamos a estrada e de Ouzoud ate ʻa nacional apanhamos um belo troço de estrada de montanha, com mtas curvas e belas paisagens. Voltando ʻa rota para Tanger foi rolar a ritmo elevado ate Tanger. Chegariamos a Tanger ja de noite, na companhia da chuva. Entramos no Porto 15min depois da hora oficial de partida do ferry, julgamos que estariamos tramados, mas gracas a mais rapida passagem de fronteira de marrocos que deve ter existido la embarcamos. Chegados a Tarifa estavamos exaustos. O cansaco da viagem, juntamos com o dia intenso tinha-nos deixado KO. Ahhh e a chuva.... essa tava de volta mais uma vez.
Dia 10
Ultimo dia. Chuva e vento forte. Moral um pouco em baixo tendo em conta a meteorologia, ate Sevilha foi chuva e mais chuva, com vento forte. Duro. A partir daqui o tempo comeca a levantar e ja se ve o sol ao longe. Curtimos a estrada de Aracena ate entrarmos em Portugal. A KTM ainda brincou ʻa falta de gasolina, mas por milagre la se aguentou ate a bomba mais proxima. Com o porco preto no bucho, solinho e boa disposicao la arrancamos ate Lisboa/Porto. A viagem tinha chegado ao fim.
_________________ Ricardo Andrés ||| BMW R1200GS ||| KTM 690 Enduro R
|